Pensar na jornada de Jang Uk e Cho Yeong em Alchemy of Souls é uma sensação agridoce.
Gosto de histórias de fantasia em geral porque me dão a sensação de que depois de uma longa jornada nada mais é como antes. Mas as feridas no caminho estão aí e em algum momento os personagens terão que lidar com elas e foi o que aconteceu com ambos personagens nessa fase da história.
Embora parte do público não reconheça, Cho Yeong é uma personagem que já foi desumanizada muitas vezes na vida, e que encontrar alguém que seja seu porto seguro, mostrando suas fraquezas, egoísmo, raiva é o que a torna mais humana.
Ela não deixou de ser forte só porque escolheu seguir outro caminho, um caminho que não fosse imposto pela perversidade e pelo trauma.
Agora ela está livre para finalmente viver como quiser, sem manipulação. A doce menina, a assassina, a criada, a lady de família tradicional, a sacerdotisa fazem parte da totalidade da personagem. E por mais que ache clichê a perda de memória, tem sentido no contexto da história, afinal ao contrário do que o público pensa, a Yeong se culparia do ocorrido (como aconteceu) e não buscaria vingança porque desde da pt1 fica claro que ela era uma pessoa mais melancólica do que aparentava, e muito intensa já que tinha o lema de morrer se não fosse fazer nada. No último episódio da pt1 é a primeira vez que a vimos desistir, porque matar a única pessoa que ela amava foi um golpe doloroso demais.
E o detalhe mais crucial é que ela estava consciente nesse momento. Então ela nunca voltaria para o Uk se tivesse com memórias. Entendo a intenção das autoras de representar um casal que se ama independente da aparência e que sempre vão acabar se atraindo pelas circunstâncias da própria existência de ambos, já que eles são ligados desde o nascimento da estrela do rei pelas tragédias que a pedra do gelo causou.
A pt2 obviamente tem defeitos, mas não é tão exagerado como alguns aqui acham (a maioria só tem birra pela troca das atrizes e já foi assistir com ranço). A troca era óbvia visto que a questão da revelação identidade da Naksu era o ponto chave da história, e como é uma jornada do herói típica, perder o mestre faz parte da motivação para cumprir sua missão, engraçado que no caso do Jang Uk foi ao contrário e ele ficou apático e só quando ela retorna ele decide cumprir seu destino.
Se ligassem tanto para atuação como dizem, teríamos críticas ao único ator que destoava do restante e só não recebeu críticas por atuar como uma porta porque é bonito, sim estou falando do ator que interpreta o Seo Yul ( quero deixar claro que acho o ator um querido nos bastidores, mas ele não atua bem.) Então toda a situação em que colocaram a Go Youn Jung foi completamente injusta, ainda bem que ela é talentosa e só está no começo da carreira e mostrou que sustenta uma personagem de carga dramática muito bem.
Assim como na pt1 tem tramas desnecessárias e arrastadas, mas o maior defeito do drama como um todo é justamente da pt1 que não desenvolveu a questão do pássaro de fogo e do passado da Naksu. Além disso fico triste que não houve um investimento de tempo maior em mostrar a família Jin e as sacerdotisas que são bem poderosas e interessantes.
Outro ponto negativo foi a insistência do triângulo amoroso que nunca existiu porque o Seo Yul nunca foi uma opção, e só fizeram aquela cena com o verme por pura fanservice e foi um grande desperdício de tempo da trama que já tinha poucos episódios para desenvolver o que realmente importava.
Ponto positivo é que o romance foi bem explorado e entregou a melhor química entre 2 atores que já tive o prazer de ver, eles combinaram tanto.
O tempo ainda vai fazer justiça para o nosso conto de fadas sul coreano e as pessoas vão valorizar esse drama como se deve.